Clube do Pai Rico

Nunca antes na história deste país os EUA não pagaram suas contas …

Será mesmo ? 🙂

EUA: A HISTÓRIA DESMENTE OBAMA SOBRE AUSÊNCIA DE DEFAULT NO CURRÍCULO DO PAÍS

Washington, 15/10/2013 – A mesma alegação sempre orgulhosa é feita quando Washington flerta com o teto da dívida pública: os Estados Unidos nunca deram calote. O histórico, entretanto, não é claro. Os EUA já ludibriou os credores em pelo menos duas ocasiões.

Da primeira vez, a então jovem nação tinha uma desculpa dramática: o Tesouro estava vazio, a Casa Branca e o Capitólio eram ruínas chamuscadas pelo fogo, e nem mesmo as tropas que lutavam na guerra de 1812 contra os ingleses estavam sendo pagas.

A segunda vez, em 1979, foi uma pane nos sistemas que terminou custando bilhões de dólares aos contribuintes. O Departamento do Tesouro culpou o acúmulo de trabalho manual causado pelos parlamentares que – isso vai soar familiar – levaram a disputa longe demais antes de elevarem o teto da dívida.

Esses lapsos, pouco conhecidos fora dos círculos financeiros daquele tempo, estão quase esquecidos agora, quando o prazo final para aumentar o teto da dívida pública americana se aproxima, nesta quinta-feira (17). Com o prazo se esgotando, os alertas de que os EUA poderão dar um default pela primeira vez se o Congresso não elevar o teto do endividamento federal se repetem.

O próprio secretário do Tesouro, Jacob Lew, afirma frequentemente que os EUA sempre honraram suas obrigações, e uma porta-voz do Tesouro não quis discutir qualquer possível exceção. O presidente Barack Obama, ao relembrar o Congresso da urgência de elevar o teto da dívida antes do prazo desta quinta-feira, alertou que “o caos poderá resultar se, pela primeira vez na nossa história, não pagarmos nossas contas no prazo”.

O historiador Don Hickey não se surpreende que o default de novembro de 1814 seja omitido. “Ele não conhece sua história”, diz o historiador sobre o presidente. “É simples assim.”

Para ser justo, nem tantas pessoas conhecem. O fracasso em pagar alguns credores no prazo não faz parte de muitos livros de história, admite Hickey, um professor da Wayne State College, em Nebraska. E os estreitos lapsos do passado não se comparam ao tipo de turbulência que Lew prevê que possa ocorrer nos dias atuais se o Tesouro não puder mais tomar dinheiro suficiente para pagar o que deve a todos os tipos de credores, de investidores estrangeiros de bônus aos pensionistas da Previdência Social. Se isso é um furacão financeiro, o atraso nas contas do Tesouro em 1979 não passou de uma lufada de ar frio.

Os republicanos conservadores do Tea Party que querem impedir o financiamento da nova lei da saúde proposta por Barack Obama não foram os primeiros a usar o teto da dívida como moeda de troca. Ao longo dos anos, parlamentares democratas e republicanos também o fizeram por razões estratégicas. Em 1979, foram os parlamentares que decidiram atrelar uma emenda ao projeto prevendo forte equilíbrio orçamentário. Eles finalmente recuaram um dia antes da data em que os cheques aos pensionistas da Previdência deveriam estar sendo postados. O tumulto contribuiu para que o Tesouro fracassasse em honrar US$ 122 milhões de um vencimento de T-bills, tidas como um dos investimentos mais seguros do mundo.

Naqueles meses de abril e maio, alguns investidores esperaram mais de uma semana para receber. O Tesouro culpou problemas com seus novos equipamentos de processamento de dados. O sistema, disseram as autoridades, ficou sob stress quando a crescente popularidade das T-bills colidiu com o aumento de última hora no teto da dívida autorizado pelo Congresso. Os investidores chamaram isso de default e processaram o governo pelo pagamento de juros referente ao atraso. O Tesouro, por sua vez, chamou o episódio de “atraso”.

A maioria dos americanos, no entanto, nem percebeu o que houve. O mercado de bônus, contudo, percebeu. O juro das T-bills subiu 0,6%, um aumento que adicionou US$ 12 bilhões ao custo da dívida federal, de acordo com um estudo de 1989 publicado pelo jornal The Financial Review, sob o título “O dia em que os Estados Unidos deram default nas T-Bills”.

Para o economista Donald Marron, do Urban Institute, que já integrou o Conselho de Assessores Econômicos de Obama, o episódio de 1979 certamente conta como um default. “A história nos diz que algumas vezes erros acontecem”, disse Marron. Quando o Congresso deixa o Tesouro à espera por um aumento no teto de seu endividamento, alerta, “a proteção contra erros fica cada vez menor”.