Clube do Pai Rico

Tesouro Direto para o longo prazo

Quando se fala em investimentos de prazo mais longo, atualmente é difícil não pensar, logo de cara, nos títulos públicos de longo prazo indexados ao IPCA.

Esses títulos são as conhecidas NTN-B do mercado secundário de títulos públicos, que, no Tesouro Direto, recebem o nome de “Tesouro IPCA” e estão disponíveis nas versões com e sem juros semestrais (diferentemente do mercado secundário, onde só há a opção que paga juros semestralmente).

Esses títulos pagam uma taxa de 6% ao ano acima do IPCA (mas a taxa efetiva pode variar, por conta de ágio ou deságio no momento da negociação) e podem ter prazos de até 40 anos, o que, bem… tecnicamente, os enquadra como “longo prazo”.

Atualmente, o vencimento mais longo disponível é 2050 e a grande vantagem de adquirir esses títulos agora é ficar com essa taxa de juros “travada” até o vencimento. Diga-se de passagem, as taxas que esses títulos oferecem atualmente, mesmo com as perspectivas de queda no futuro, são consideradas excepcionais para os padrões internacionais.

O que temos é uma oportunidade única de ficar até 34 anos recebendo uma taxa de juros que pode chegar a 6% ao ano acima do IPCA – algo que, nas economias desenvolvidas, não existe nem em sonho.

Como um investidor iniciante pode montar uma carteira de títulos públicos pensando no longo prazo? A primeira coisa a considerar é que o “Tesouro IPCA”, apesar de ser considerado “pós-fixado”, tem um comportamento de mercado muito mais parecido com um título prefixado. Ou seja, ele pode apresentar grandes oscilações (para cima ou para baixo) antes do vencimento e, por isso, pode acabar dando alguns “sustos” no investidor.

Por isso, a primeira coisa a definir é quanto (em valores) da carteira pode ser alocado para investimentos de longo prazo, para que o investidor deixe esse dinheiro “quietinho” o máximo de tempo possível e não se preocupe com essas oscilações (lembrando que, no vencimento, os valores não sofrem qualquer alteração). O investidor também pode atribuir uma parcela do capital a uma expectativa de prazo médio e deixar uma terceira parcela para liquidez imediata.

A primeira parcela (aquela que, de fato, é de longo prazo), pode ser alocada em títulos realmente longos, com vencimentos como 2035, 2045 e 2050. É aquela parcela do capital “para não mexer”.

A parcela de médio prazo fica com títulos de vencimento até 10 anos, que oscilam menos caso tenham que ser vendidos antes do vencimento. Esta parcela vira uma “segunda linha de defesa”, caso o investidor precise de dinheiro.

Por fim, a parcela de liquidez imediata, que pode ser usada em emergências, fica concentrada totalmente em títulos pós-fixados indexados à Selic.

E nunca é demais falar da acessibilidade. Com investimento mínimo de 30 reais, fica fácil fazer investimentos subsequentes mantendo a mesma proporção.

Com as atuais taxas de juros e com os baixos custos do Tesouro Direto, poucas são as opções mais vantajosas para o longo prazo.

André Massaro é criador do projeto Investidor em Renda Fixa, professor de finanças do Instituto Educacional BM&FBOVESPA, autor do blog “Você e o Dinheiro” do Portal EXAME (Editora Abril), apresentador do canal “Seu Dinheiro na TV” do Portal EXAME (Editora Abril), consultor de Economia e Finanças da Rádio Jovem Pan, autor publicado de três livros sobre finanças pessoais e investimentos.