Clube do Pai Rico

Uma herança vem na hora certa ?

No post de hoje vou propor um exercício de reflexão. Ok ?

Responda à pergunta: Na sua opinião, a herança – passada de pais, avós, tios … de quem quer que seja – é passada na hora correta ?

Pense. Interrompa por alguns minutos a leitura deste texto e reflita, de verdade, sobre este questionamento.

Eu já tenho opinião formada sobre este tema, já penso sobre ele faz muito tempo, e neste final de semana fui mais uma vez “lembrado” sobre ele. Durante a leitura do último livro de Dan Brown, O Símbolo Perdido, um dos personagens fala a respeito da tradição de sua família sobre a cessão do patrimônio aos membros mais novos. No caso daquela família, todo membro ao completar 18 anos recebe uma parte do que viria a receber na forma de herança quando o pai viesse a falecer. A justificativa ? Recebendo o dinheiro ainda nova, a pessoa teria energia suficiente, além de muita vontade, para multiplicar e manter o patrimônio familiar crescendo cada vez mais.

Não falarei mais nada sobre o livro para não tirar o gosto de quem vai lê-lo. Sim, se você ainda não leu, leia. Um ótimo livro, perfeito para afundar a mente em mistérios intrigantes que nos faz parar para pensar.

Voltando, e é justamente essa a forma que eu penso. A pessoa quando vem a receber sua parte na herança, acaba recebendo num momento onde ela “não é mais necessária”. Se fez tudo da forma correta, como vem sendo feita pelos seus antecessores, terá situação financeira confortável, e quem sabe muito mais do que viria a receber de seus pais. Mas o que acha de pensarmos nos prós e nos contras dessa estratégia ?

Os prós

Vamos lá, tenho certeza que você já pensou em milhares de razões para que isso seja uma coisa boa a se fazer. No início da vida adulta é quando mais precisamos de dinheiro, para comprar moradia, para formar família, para investir nos estudos, para criar um novo negócio …

Pense, se você recebesse uma boa quantia de dinheiro quando ainda novo, as coisas não teriam sido bem diferentes ? Não teria facilitado muito do trajeto percorrido desde então ? Tendo dinheiro, você poderia ter economizado o tanto de juros que teve que pagar na compra do imóvel financiado. Ou então poderia ter levado adiante aquela ideia genial de um novo empreendimento, ou até mesmo poderia ter tido um início de casamento – e formação da família – mais fácil, sem passar pelo turbilhão de contingências que apareceram no caminho.

Não é verdade ? Receber o dinheiro que viria a receber somente mais velho, provavelmente quando estivesse próximo de sua aposentadoria (levando-se em conta que o pai viveria até uns 80 e poucos e a pessoa se aposentaria perto dos 60), quando já estaria com tudo certo, patrimônio formado, vida estabilizada; quando ainda novo teria sido uma experiência fantástica, concorda ? Pense, provavelmente teria sido uma vida completamente diferente da sua, pois poderia ter aproveitado um pouco mais do que aproveitou.

Os contras

Mas tenha a certeza que nem tudo é um mar de rosas … já imaginou um garoto de 18 anos recebendo alguns milhares – e porque não milhões – de reais, sem precisar dar satisfação alguma do que ira fazer com o dinheiro ? Tenho certeza que muitos pensaram em Mega festas, carros, mulheres, viagens … e o propósito real do dinheiro seria deixado de lado.

Infelizmente, a grande maioria de jovens nesta idade não se preocupam, e muito menos planejam como estarão vivendo dentro de 20, 30 anos. O importante para muitos é aproveitar aquele momento, afinal nem sabem se chegarão tão longe …

Imaginou ? Visualize uma sociedade onde estes jovens com muito dinheiro não precisam trabalhar, estudar, para juntar uma bela soma que lhe proporciona “tudo o que mais precisa”. (quem pensou nos verões em Ibiza, ou até mesmo Jurerê Internacional ganhou um ponto, foram os locais que pensei enquanto escrevia esse parágrafo …)

O que eu acho ?

Com disse, eu penso que receber o dinheiro ainda jovem deveria ser o correto, por todos os motivos que apresentei como itens a favor. Mas infelizmente também sei que a maioria não estaria preparada para isso. Não seria então o negócio de começarmos a preparar nossos filhos ainda crianças para este dia ?

Colocar na cabeça deles o uso consciente do dinheiro, ensinar o valor do dinheiro, mostrar como o recebimento deste dinheiro, nas primeiras fases da vida adulta o ajudarão a ter uma vida tranquila e estável. Além disso, diferente do apresentado no livro, acredito que a idade de 21 anos (ou até mesmo um pouco mais do que isso … 24~25) seja o ideal. O jovem já amadureceu um pouco mais e certamente usará o dinheiro de forma um pouco diferente da que usaria se tivesse recebido com 18.

Já imaginou ? Financiamento imobiliário, pra quê ? Crédito estudantil … o que é isso ? Problemas na aposentadoria, por falta de capital … longe disso. Não seria tudo o que nós sempre planejamos quando decidimos iniciar o estudo do tema Educação Financeira ?

Eu acredito que se fosse assim, teríamos uma sociedade muitas vezes mais rica do que a atual, seria praticamente uma utopia. E é justamente esse o meu medo … estarei eu imaginando um mundo utópico ?