Livros ||| O fim do Euro

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O que a mentira deslavada, a “boa e velha” maquiagem contábil e a ganância podem fazer para destruir uma das – aparentemente – melhores ideias de ganha-ganha do último século ? Tudo e mais um pouco …
Sim, acredito que o Euro – como conhecemos hoje – esteja com os seus dias contados. A maravilhosa ideia de integrar todo um continente (ou quase todo …) através de uma moeda única é fantástica ! Facilita a vida de todos e traz muitos benefícios às populações de cada um dos países que integram o bloco. Isso, é claro, sem falar das facilidades que a integração monetária traz aos turistas … não precisar fazer o câmbio a cada nova chegada, em cada novo país visitado, é uma verdadeira mão na roda.
Eu(ro)fóricos !
Como bem apontado no livro, um dos principais motivos para que o Euro esteja enfrentando os atuais problemas foi o fato de muitos países periféricos (os PIGS – existe melhor acrônimo que esse ?) terem entrado em estado de eu(ro)foria com a entrada da nova moeda. Tudo era uma maravilha ! Taxas de juro baixas, muito baixas ! Países mais do que capengas encontrando oportunidades de dinheiro barato, no mesmo nível do que era oferecido à potência Alemanha. (que é quem está pagando – e continuará por mais algum tempo – o pato)
Tudo virou uma festa … que diga a Espanha … 🙁
Mas só isso não causou o estrago apresentado pela economia europeia atualmente, a mentira fez parte (fez, faz, fará …) da história: a estratégia de maquiar os dados governamentais – ou simplesmente escondê-los, pura e simplesmente – pode ter sido o maior de todos os motivos.
Para fazer parte do Euro, cada um dos países que integraria o bloco precisaria atender a certas exigências. O deficit governamental não poderia passar de um determinado nível, bem como o montante de dívidas teria como limite um certo percentual do PIB … e praticamente nenhum dos países atendia a essas demandas … Havia sido instituído uma pesada multa a quem não respeitasse esta regra … Me diga se alguém pagou alguma coisa …
Foram dando tempo para que os países se “enquadrassem” nos padrões desejados, mas o tempo foi passando e passando e nada …
Quem deve pagar o pato ?
A Alemanha deve continuar bancando a festa (com final trágico) dos PIGS ? Ela fez o dever de casa, economizou, foi financeiramente prudente, e claro … aproveitou muito bem a oportunidade que a integração econômica proporcionou. Graças à integração monetária ela pode assumir isoladamente o post de maior, melhor, mais dinâmica economia do bloco. Os concorrentes que ela tinha, antes da junção das moedas, não tinham mais o poder de barganha (estratégias monetárias) que tinham até então.
Este é um dos argumentos que muitos usam para justificar a exigência de que ela banque a conta. Será ? Será que isso justifica a coisa ? Seria mais ou menos como uma família, onde dois irmãos, um muito bem financeiramente educado, e outro que não dava bola para nada, em que depois de passado muito tempo o irmão mais estável financeiramente fosse chamado a honrar os compromissos financeiros do irmão … Justo ?
Ou quem deve arcar com os custos é a própria população local, que querendo ou não, pode aproveitar a época das vacas gordas ? Muitos e muitos benefícios “sociais” foram dados enquanto a grana entrava, mas quem diz que alguém aceita abrir mão deles na hora em que o negócio aperta ?
O buraco é muito mais embaixo … você pode acreditar. A solução não será fácil, muito menos agradável, alguém sairá perdendo (e muito), mas ainda não se sabe exatamente quem. A única coisa que sabemos é que final das contas a população estará em uma condição – muito provavelmente – pior do que a tinham antes do começo desta história. Sim, a população é quem pagará a maior parte desta conta … ou alguém acha que o sistema financeiro arcará com os prejuízos? Nãnaninanão ! Os planos de “resgate” implantados até o momento priorizam justamente este lado da corda, o mais forte …
Muito e muito e muito e muito dinheiro vem sendo injetado na economia local, o BCE deixou de lado os estatutos da criação da comunidade europeia e esta pondo a mão na massa. (quando criada haviam regras que impediam o banco central europeu de agir desta forma) Uma linha de resgate de “alguns” trilhões de dólares foi criada, na tentativa de estancar a hemorragia, mas será que ajudará ? (na semana em que escrevo esta resenha um dos países mais fortes, que integram o fundo de resgate – a França – perdeu pontos em sua nota de crédito, que era Aaa … e isso pode afetar o poder de fogo deste fundo de resgate)
Até onde vai ? Até quando vai ? Isso ninguém sabe … mas acredito que não vá muito longe. Leia este livro, aprenda um pouco mais sobre a história atual, e tire suas próprias conclusões.
![]() Nota do Site: ![]() | O fim do Euro Johan Van OvertveldtEditora: Campus Ano: 2012 Edição: 1 Número de páginas: 248 Acabamento: Brochura Formato: Médio |