Clube do Pai Rico

Colunistas ||| De Empregado a Acionista

Há vinte anos trabalho em uma empresa de capital aberto, as empresas de capital aberto são as que têm suas ações listadas em bolsa de valores, no caso das empresas brasileiras as ações são negociadas na Bovespa, que é a bolsa de mercado e valores de São Paulo.

Sempre tive certo temor de aplicações em bolsa de valores, pois mesmo tendo formação acadêmica em Ciências Contábeis, muitos professores conservadores, pintavam o investimento em ações como uma verdadeira roleta russa.

Para agravar um pouco mais a resistência ao mundo do investimento de renda variável (como são chamadas as ações, devido a sua característica de variação constante) trago comigo uma posição política mais à esquerda, por influência familiar, de uma irmã mais velha, que sempre foi simpatizante do PCB, fazendo parte por muitos anos da Associação de Professores Públicos de Minas Gerais – APPMG, do qual organizou e participou de várias passeatas nos anos de chumbo da ditadura. Tenho muito orgulho de minha irmã, de saber que ela ajudou a construir um país melhor para os meus filhos.

Somado a estes fatos, o discurso do sindicato, do qual fui afiliado durante grande parte de meu tempo de empresa, sempre acusava os acionistas ou o governo como culpado de todos o problemas profissionais. No caso específico da minha empresa, o governo é o maior acionista da empresa, ou seja, o grande culpado era um só.

Este modo de pensar e ver o mundo me acompanhou durante um longo tempo. Até que em um belo dia, recebi um e-mail sobre uma feira de investimentos denominada ExpoMoney, na qual a empresa em que trabalho iria participar, e o melhor: os ingressos eram gratuitos. Solicitei um par de ingressos e fomos a ExpoMoney, eu e minha esposa.

Assisti a várias palestras, mas uma em especial mudou minha forma de ver o mundo dos investimentos. A palestra da economista e jornalista Rita Mundim, que abordou o assunto de renda variável, mais especificamente ações como investimento de longo prazo, não sei se foi o acaso ou algo assim, mas a empresa que ela utilizou como exemplo foi justamente a empresa em que trabalho. Ela citou alguns clientes e amigos, que acumularam seu primeiro milhão graças à empresa na qual trabalho.

Aquela noite de sexta-feira para sábado foi uma noite turbulenta e transformadora, pois a palestra levou-me a refletir sobre os meus conceitos sobre investimentos. Vários questionamentos em assombraram naquela noite. Seria mesmo um bom caminho financeiro a seguir ? Os meus professores estavam equivocados ? Minha ideologia era uma falácia ?

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Você usa seu cartão de crédito para pagar suas contas ?

Acho melhor repensar essa “estratégia” …

O governo anunciou essa semana que cobrará IOF das operações de crédito do tipo “pagamento de contas/boletos com o cartão de crédito”. Não, não é um valor tããão grande que chegue a ameaçar um orçamento, mas é um custo extra. Será cobrado o já tradicional 0,38% pela “operação” + 0,0082% ao dia em que o crédito tiver sido usado. Digamos que você tenha usado por 30 dias, pagará algo próximo a 0,65% ao mês.

E sabe como é … juro é juro. Custo extra é custo extra. 😉

Claro, além disso continuarão sendo cobradas as taxas atualmente cobradas. (que não tenho ideia de quais sejam …)

Muitos justificam que fazer isso é interessante, por causa das milhas ganhas através desse pagamento extra (o valor das contas pagas também gera bônus para os programas de milhagem dos cartões), a ponto de muitos usarem um cartão para pagar as contas … de outro cartão. Alegam que dessa forma acabam duplicando a pontuação. Se vale realmente a pena ? Tenho minhas dúvidas … Já as tinha antes da cobrança do IOF, agora então …

Ok, você ganhará algumas milhas extras por isso, mas será que realmente vale a pena ? Você já parou para fazer as contas, pegou papel e lápis e detalhou a vantagem real dessa “estratégia” ? O custo da taxa + IOF justificam continuar usando-a ? Afinal a cada R$ 1.000,00 você acumula aproximadamente 630 pontos e só de IOF terá um gasto de R$ 6,50. (mais a taxa, aquela que não imagino de quanto seja …)

Para expandir o assunto, convido os amigos que adotam essa estratégia a deixar um comentário aqui no post. Quem sabe não vale realmente a pena ? 😉

Colunistas ||| Devedor, Gastador, Poupador ou Investidor?

Sempre houve um questionamento se as escolas devem ou não incluir no currículo escolar a disciplina Educação Financeira. Dever da instituição de ensino ou não, o fato é que as pesquisas apontam para um endividamento cada vez maior por parte dos brasileiros. Cada vez mais podemos presenciar os “estragos” que a falta de uma Educação Financeira faz na vida de muitas pessoas de diferentes classes sociais, o que nos remete a importantes questões: Devemos realmente esperar que o Governo decida se essa disciplina é realmente necessária? Enquanto isso, devemos deixar as nossas finanças nas mãos de instituições financeiras? Certamente não, mas para que isso não aconteça, ou não torne a acontecer, uma série de medidas se fazem necessárias.

Como qualquer outra disciplina, a Educação Financeira não é um conceito que se aprende da noite para o dia. Assim como o aprendizado de Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e outras disciplinas, requer paciência e dedicação. Contudo, pode ser uma disciplina para se aprender sozinho, por etapas. No inicio parecerá difícil, mas com o tempo, ao se familiarizar com a linguagem financeira, perceberá o quanto é prazeroso ver seu pequeno patrimônio crescer gradativamente.

A Educação Financeira é um conjunto de orientações, métodos e conhecimentos sobre como utilizar os recursos financeiros de forma adequada para atender às necessidades e aos desejos. Assim como administramos tempo, casa, família, trabalho, a Educação Financeira pode ser entendida como uma boa administração das finanças pessoais para se atingir os objetivos.

Para isso, primeiramente é necessário saber em qual estágio você se encontra:

Devedor -> Gastador -> Poupador -> Investidor

Cada estágio tem suas particularidades e migrar para um estágio mais avançado requer sempre mais esforço e dedicação. Qualquer que seja o estágio, acredite ou não, todos querem as mesmas coisas: ganhar mais para saciar suas necessidades ou desejos, ou melhor, ganhar para gastar. É claro que as necessidades são diferentes e isso mostra a própria evolução em cada estágio, mas a forma como isso acontece e a maneira como lidam com as finanças pessoais será fator determinante.

Uma característica básica do estágio Devedor é que ele está sempre devendo alguém. Mal termina uma prestação e já está planejando a outra, em alguns casos o planejamento é tão “bem feito” que uma dívida começa no mês posterior ao término da outra, porque é a única forma que ele consegue obter algum bem. É muito comum frases como: “Eu não consigo guardar o dinheiro”, “Se eu não fizer uma prestação eu não consigo nada”, “Eu não iria comprar, mas estava em promoção”. Sempre há uma justificativa para que ele não admita o óbvio: não sei lidar com o meu dinheiro.

Se você se encontra no estágio do Devedor, significa que você está utilizando recursos de terceiros (cartão de crédito, cheque especial, empréstimos) em demasia, ou seja, você está entre os 60% dos brasileiros que se encontram endividados. A característica básica do devedor é que ele não consegue quitar suas dívidas em dia, muitas vezes, por ocorrer fatos alheios a dívida comprometida.

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Colunistas ||| Aproveitem as compras coletivas !

Há um bom tempo não escrevo aqui pro Clube. Mas com essa febre de compras coletivas assolando a internet brasileira, não pude deixar de escrever mais um post para comentar sobre elas.

Maravilhosos descontos vêm em nossas caixas postais quando nos cadastramos, ou não. Aquele irresistível 50% de desconto. Isso sim é educação financeira. Posso consumir e ainda economizar.

Temos que aproveitar as compras coletivas. Aproveitar. Quantas vezes você já não sentiu o irresistível apelo do desconto para obter aquilo que sempre sonhava. Nossa, uma massagem com isso e aquilo mais isso. Nossa, uma viagem pro Bahamas com clube de golfe incluído com 60% de desconto.

Façamos um raio-X. Você como um bom leitor do Clube já deve ter ouvido falar da noção de que quando pedimos o desconto à vista e ele aparece, é porque a margem de lucro da empresa já contava com “acréscimo adicional”. Então, pensando bem, teria isso alguma coisa a ver com a compra coletiva?

Ah, tá, você pode me dizer. Mas poxa, aquela viagem de transatlântico com 50% de desconto é imperdível, e é algo que eu queria mesmo fazer! E vem aquela sensação de que temos que aproveitar senão não vamos nunca encontrar uma oportunidade igual, e você claro aproveita e compra. Acaba que você, na “vida real”, está atolado de trabalho para fazer nos próximos 8 meses de validade da compra e acaba não tendo o tempo de usufruir da chance imperdível que você, esperto, não perdeu.

São casos e mais casos de pessoas que compram massagens, serviços em especial e deixam expirar. No caso dos produtos, pessoas compram produtos que não necessitam realmente somente porque está abaixo do preço esperado. É o caso daquele Xbox novo pra seu sobrinho que tem um Playstation 3 recém-ganho.

Qual a diferença do acima para você passar numa vitrina, ver aquela bicicleta ergométrica cheia de tecnologia com uma plaquinha de “Últimas Unidades, de 1.099,00 por 699,00”. Hum, últimas unidades. Hum, o máximo, finalmente queimarei uns quilinhos extras.  Hum, que descontão, imperdível mesmo.

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Colunistas ||| Como acompanhar os preços de imóveis ?

Uma das maiores dificuldades de investir no mercado imobiliário diz respeito à inexistência de informações confiáveis a respeito da evolução do mercado. As construtoras de Brasília, por exemplo, anunciam que os investimentos imobiliários deram, nos últimos anos, rentabilidade média de 25% ao ano. Mas como podemos verificar se esta informação é verídica?

Não há como. A Fundação Getúlio Vargas lançou, recentemente, um índice de acompanhamento do setor (o IGMI-C – Índice Geral do Mercado Imobiliário Comercial), mas falta ainda um índice confiável para acompanhar a evolução dos preços residenciais. Há alguns meses, a FIPE lançou, em conjunto com o site ZAP Imóveis, um índice baseado nos anúncios de venda de imóveis do site.

Evidentemente, a base de cálculo do índice FIPE – ZAP Imóveis é viciada desde o início, já que é baseada nos anúncios de um site cujos maiores clientes são aqueles que desejam vender imóveis e, por isso, têm interesse em alardear que os preços estão subindo ininterruptamente. Deixar a responsabilidade pela elaboração de um índice importante como esse nas mãos de quem tem interesses particulares em um determinado resultado é como deixar as raposas tomando conta do galinheiro. Se em algum momento os dados começarem a mostrar uma realidade não desejada, não há nada que garanta que os dados não serão manipulados.

Obviamente, eu não estou dizendo que os elaboradores do índice têm má-fé ou que os dados não são verídicos. Não se trata de uma acusação, mas de uma reflexão a respeito do melhor modo de elaborar um índice como este.

Mas há, também, outras dificuldades. Como os dados são elaborados a partir dos anúncios, é possível que haja outras distorções. Por exemplo, digamos que um imóvel esteja sendo anunciado por R$ 500.000,00, mas o dono não tope diminuir o valor por nada nesse mundo, e esteja recebendo apenas propostas inferiores a este valor. Para o índice, os imóveis com aquele perfil valem R$ 500.000,00, mas a verdade é que o mercado não aceita pagar por aquele valor. Por depender dos anúncios de venda (e não do valor efetivo de compra), o índice não reflete necessariamente a realidade. Se muitos anunciantes resolverem elevar artificialmente os preços, mas os imóveis não alcançarem o valor desejado por falta de oferta, e os vendedores se recusarem a baixar o preço, pode acontecer de o índice indicar uma elevação nos preços, mas os negócios não estarem se concretizando. Em outras palavras, um descolamento entre a realidade e os preços indicados no índice.

Mas existe um modo muito fácil de contornar essas dificuldades. Bastaria que alguma instituição de pesquisa coletasse os dados de negociação a partir dos próprios cartórios de registro de imóveis, que têm os registros de todas as transações imobiliárias lícitas, pelo preço real de aquisição (nos casos em que não há fraude, evidentemente). Essa, a meu ver, é a melhor fonte de informação para quem deseja formular um índice como esse.

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