Clube do Pai Rico

Livros ||| A ilusão de Ícaro

A-ilusão-de-Ícaro-girado-pq

Quem não conhece a história de Ícaro ? Pode não conhecer detalhadamente, mas provavelmente conheça a parte do “tinha asas, voou tão alto – mesmo tendo sendo advertido para que não fizesse isso – que o calor do sol derreteu a cera que unia as penas, e com isso caiu …”. Certo ?

É aquele tipo de história que tem uma lição de moral por trás, mas que nesse caso foi usada conforme o gosto do freguês. A lição passada foi: “Não desobedeça às ordens, não pense que você é melhor do que realmente é, não pense que pode fazer algo que apenas os Deuses podem”. Mas a história “verdadeira” não mostra só esse lado …

Além de ser advertido, por seu pai, para não voar tão alto, não correndo desta forma o risco de cair, ele também o foi para o risco de voar baixo demais, próximo ao mar, correndo o risco de ser atingido pelas ondas, que acabariam derrubando-o da mesma forma. Enxergou a diferença ? Tiraram da história o lado voar baixo, pois aparenta ser algo mais seguro, sem se expor, sem se destacar; e mantiveram o não vá muito alto, não se mostre, não se considere melhor do que os outros. Alguma ligação com o sistema atual das coisas, onde devemos ser apenas mais um no meio da multidão, servindo e trabalhando arduamente sem alçar voo, sem almejar a liberdade ?

Seja mais um …

É justamente sobre isso que o livro aborda: como a sociedade nos “incentiva” a sermos apenas mais um no meio da multidão, não nos destacarmos, vivendo eternamente com o medo de fazer o que realmente gostamos, por medo de não conseguirmos nos manter. (leia-se pagar suas contas)

Mas Seth Godin mostra justamente o contrário. Em “A ilusão de Ícaro“, vemos que hoje vivemos um momento da história onde temos a possibilidade de fazer exatamente aquilo que gostamos, de sermos artistas (num conceito mais amplo da coisa), fazendo aquilo que realmente gostamos em um nível tão elevado que transforma as coisas em verdadeiras obras de arte. Tudo isso é possível graças ao surgimento da cauda longa, onde os mercados de nicho oferecem oportunidades a tudo e a todos.

São muitos os livros que abordam esse tema, e esse poderia ser apenas mais um … Porém o jeito com que o assunto é abordado tira aquele lado “auto-ajuda” que muitos preferem focar, sabe ?

A discussão sobre a ditadura do viva a vida como ela é, sem almejar algo maior é antiga e vem servindo à manutenção das coisas. Sempre nivelando “por baixo” o que a sociedade poderia ser, somente para atender os desejos e necessidades dos reis. (não importando a época em que a pessoa vive)

Não seja mais um !

Você não precisa ser apenas mais um rosto no meio da multidão, você pode se dedicar ao que gosta, pode sobreviver com os rendimentos gerados por isso. Pode até mesmo ganhar muito dinheiro com isso. Basta se dedicar ao que faz, seguindo sempre em frente, “sem se importar com o que os outros pensem”.

Se dedicar ao que faz” … não é exatamente o que os outros querem que você faça por eles ? Por que será? 😉

Para muitos é mais fácil seguir a vida do jeito que as coisas são, os riscos são menores, não desperta a ira (ou a inveja) dos outros. Faz com que tenha uma vida tranquila e sossegada … Mas a que custo ? 🙁

Uma leitura bem interessante, mas aquele tipo de leitura que serve apenas para refletirmos, sem trazer algum grande insight que venha a mudar sua vida radicalmente, sabe ? Se o assunto lhe agrada, e sente a necessidade de um incetivo extra para assumir controle próprio de suas asas, pode ser que o livro sirva feito uma luva. Se não é seu caso, é apenas uma leitura que lhe entreterá durante um bom tempo.

A ilusão de Ícaro

Nota do Site:
3 Moedas

A ilusão de Ícaro
Seth Godin

Editora: Elsevier
Ano: 2013
Edição: 1
Número de páginas: 248
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

Compre seu livro no Submarino

Livros ||| Marcopolo

Marcopolo girado pq

Marcopolo: empresa brasileira que é a maior produtora mundial de ônibus. Exemplo de empresa, de versatilidade, de produtividade, e, porque não, de como funciona o jeitinho brasileiro. Como não se interessar por esta leitura ? 😉

Gosto tanto de livros que contem a história de pessoas e empresas, onde podemos conhecer seus erros e acertos através do tempo, não poderia deixar passar um que aborda uma empresa brasileira e que tem muita coisa para compartilhar. Não é mesmo ?

Confesso que fiquei um pouco dividido a respeito de quem é o mérito da coisa: do jeitinho brasileiro, que nos permite uma adaptação fora do comum, atendendo as mais variadas necessidades, muitas vezes sem ter a tecnologia necessária para tal; ou se ele é resultado da implantação de sistemas de produção japoneses, com toda a organização, velocidade, limpeza, etc etc etc, que são características deles.

Brasil

Onde tudo pode, onde tudo serve, mesmo que não atenda as normas exigidas. Normas que muitas vezes nem sequer existem …

Sim, foi assim que me senti no começo da história da empresa. Coisa comum de se encontrar, afinal já são tantas as adversidades que precisamos enfrentar no começo de um negócio, que o “se vira nos 30” acaba sendo palavra de ordem e assim a coisa anda. A impressão que tive é de que os ônibus eram feitos meio que no facão no começo da coisa. Se não deu, corta, solda e ajusta para dar. Mesmo que isso comprometa um pouco a estrutura do carro.

A coisa era tão no jeitão que por um bom tempo a empresa não tinha um engenheiro encarregado dos projetos dos ônibus. Algo possível de se imaginar hoje ? Creio que não …

Mas foi justamente esta liberdade de criação que possibilitou à Marcopolo atender a todo e qualquer tipo de necessidade dos clientes. Personalização total, tudo era conforme o gosto do freguês. E isso na hora da venda é um grande diferencial.

Hoje os tempos são outros, a exigência de atendimento às normas é praticamente total, mas aquela sementinha do atender a toda e qualquer vontade do cliente permanece em cada um dos funcionários da empresa. É isso que possibilita a criação de ônibus que são usados em várias partes do mundo, com clientes dos mais variados tipos e necessidades.

Japão

Na década de 80 o Japão foi o queridinho de todos. Seus métodos de produção, com a adoção de sistemas impressionantes (e que muitos consideravam impossíveis de serem copiados), fizeram com que o país crescesse num ritmo alucinante. Claro que isso despertou o interesse de muitas empresas. Livros, cursos e excursões prometiam aos curiosos a possibilidade de aprender o que lá era feito, para que em seguida fosse transportado à terra natal.

Muitos não acreditaram na possibilidade, afinal de contas o povo japonês é famoso por sua disciplina em tudo o que faz. Mas não é que deu certo aqui mesmo no Brasil, nesta empresa do interior do Rio Grande do Sul ? 🙂

A meu ver, o segredo foi terem dado total liberdade aos funcionários em relação a adoção, ou não, dos procedimentos e sistemas. Mas aquela liberdade cutucada, sabe ? Com apresentações, cursos e exemplos que mostravam o que era aquilo, como funcionava e suas vantagens. Acredito que deram muita sorte em ter feito a “experiência” com a mão de obra gaúcha. Educada e trabalhadora, a população daquele estado era o “alvo” ideal para seguir os passos japoneses.

E deu certo ! Galpões limpos e organizados, com pouco espaço destinado à estocagem de material, com os funcionários ajudando e opinando na continua melhoria da empresa.

Educação e Integração com a comunidade

Outra coisa que me chamou a atenção foi o quão interessada foi a empresa em oferecer educação e treinamento aos funcionários e à população local. Isso passa uma imagem junto à equipe de real dedicação dos donos do negócio com quem trabalha na produção.

Estavam com falta de mão de obra para determinada área ? Que tal oferecer um treinamento aberto a todos, sejam concorrentes ou não, para capacitar os interessados ?

Sabe aquele tipo de livro que você lê, conhece mais detalhes sobre uma empresa e fica com vontade de ter ações dela ? Pois então … este foi um exemplo, hehehe. Fiquei interessado em ter ações da Marcopolo, para carteira de longo prazo. Agora é fazer o dever de casa, olhando os números e gráficos, para ver se este é o melhor momento ou não. 😉

Leitura mais do que indicada ! Se você tem estas ações em carteira, ou pretender ter, ela passa a ser obrigatória ! 😀

Marcopolo

Nota do Site:
4 Moedas

Marcopolo

Paulo Bellini
Editora: Elsevier
Ano: 2012
Edição: 1
Número de páginas: 296
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

Livros ||| A lógica do cisne negro

Você que acompanha o Clube do Pai Rico sabe que a quantidade de livros que leio – e comento – é relativamente alta (ainda mais quando comparamos com a média nacional …), mas desta vez tenho uma confissão a fazer: não sei direito como falar deste livro. 😯

A lógica do cisne negro pq girado

Não, não é por não ter entendido o seu conteúdo (e sim, provavelmente tenha alguma parte dele que eu esteja considerando como compreendida que na verdade não tenha …), nem pela profundidade do que foi passado, tampouco por não concordar com Taleb (ou nnt como ele costuma se identificar durante algumas passagens); acho que o que me leva a ficar em dúvida sobre o que falar é justamente o fato de concordar com muito do que é dito.

Mas vamos lá !

Se fosse preciso resumir resumidamente o livro eu diria: barbell. Por quê ? Você qual é o significado do Cisne Negro que dá título à obra ? Ele nada mais é do que um evento raro, raríssimo, virtualmente impossível de acontecer/existir, que contraria a tudo e a todos, mas que, quem sabe, pode existir.

Quando você pensa em cisnes (o animal) lembra do quê ? Daquelas belas aves brancas. Todos consideravam como se estas aves existissem somente nesta cor, até que … encontraram um cisne negro. Algo até então impossível de se imaginar foi encontrado.

Um cisne negro rootz é aquele que é algo tão impossível de ser imaginado como possível que quando acontece marca profundamente. Como um ataque de aviões comerciais às torres gêmeas de NY. Não … isso nunca poderia acontecer. Ou melhor …

Cisnes negros são eventos que estão lá, que não são levados em consideração na hora que calculamos os riscos, mas que podem ser devastadores.

O barbell que citei seria uma estratégia que ajudaria o investidor a se proteger de um evento inesperado e ao mesmo tempo fazer com que possa tirar proveito dele. Seria algo do tipo: “coloque 90% do seu patrimônio em títulos do tesouro (de preferência os atrelados à algum índice inflacionário) e o restante invista em opções de ações.” Você estaria protegido, afinal os títulos são considerados como sendo o tipo de investimento mais seguro que temos disponível, e em caso de um evento inesperado, teríamos a possibilidade de aproveitar o boom.

(leia mais em “O que seria o barbell de Taleb ?“)

É um livro de quase 400 páginas que poderia ser resumido em algumas poucas páginas ? Sim, poderia … Mas você estaria abrindo mão de uma discussão filosófica das boas, daquela que te faz pensar, profundamente, sobre o mundo.

Por exemplo … onde já se viu alguém trazer à tona uma discussão sobre uma coisa tão banal quanto o conceito de possibilidade e probabilidade ? Certamente ninguém dá bola para isso … 🙂

Sim, fiquei orgulhoso de ter abordado tal assunto aqui no Clube. Este foi um dos pontos que me fez refletir e ver que as coisas estão no caminho certo. Ok … talvez nem tão certo assim, afinal o vírus da previsão ainda circula em meu sangue. Mas pelo menos não falo sobre previsões de longo prazo, como o quanto estará marcando o índice no final do ano, ou coisa assim. (por sinal, isso também já foi falado aqui)

Uma daquelas leituras que servem para abrir sua cabeça, fazendo você enxergar as coisas como elas são e não como insistem em fazer você achar que seja. Serve somente para quem pretende adotar os conceitos no mercado financeiro ? Não ! O que é abordado em “A lógica do cisne negro(Best Business, 2008) tem utilidade em vários aspectos de nossa vida diária. Senão todos !

Um livro indicado para todos que gostam de usar suas cabeças para algo além de usar chapéu. (alguém ainda usa ? 😉 …)

A lógica do cisne negro
Nota do Site:
5 Moedas
A lógica do cisne negro
Nassim Nicholas Taleb

Editora: Best Business
Ano: 2008
Edição: 1
Número de páginas: 464
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

Livros ||| A vingança da Geografia

A vingança da Geografia girado pq

Já falei para vocês o quanto gosto de Geografia e História, não ? 🙂

Sim, durante muito tempo gostava apenas por curiosidade propriamente dita, mas de uns tempos pra cá, este “hobbie” vem se mostrando rentável. Por quê ? Porque muito do que move o univer$o tem fortes ligações com estes dois temas.

Sério ! Tente enxergar um pouco mais profundamente as coisas que te cercam e você certamente conseguirá entender isso que eu falei.

Mas esta leitura, em especial, nem foi motivada por este lado, foi pela curiosidade pura e simples. E fui recompensado !! 😉

Conheça o mundo ao seu redor !

Você já leu alguma coisa sobre a formação do império Chinês ? E do Russo ? E sobre a Índia, conhece a história por trás da formação de uma das maiores nações do planeta ? E sobre os barris de pólvora que estão no Oriente Médio ?

É impressionante como muitas das coisas que estamos vendo hoje na televisão (como a confusão na Ucrânia) têm uma explicação mais simples e direta do que a que algumas pessoas tentam apresentar.

Mas não é somente sobre o Oriente ! A Europa e os EUA também estão presentes ! Por exemplo … Por que a Europa e os EUA deram tão certo ? Por que os países do hemisfério sul são tão pobres ? (com raríssimas exceções …)

Geografia na veia ! 😀

Ao menos eu me empolgo quando posso conhecer um pouco mais da formação das nações,  dos motivos que levam experiências relativamente parecidas a dar certo em um lugar, enquanto em outros não surtem efeito algum …

Digamos que esta leitura tenha alimentado a minha fome de conhecimento mais profunda e básica de todas. 😉

Agora, se está se perguntando porquê o título envolve os termos vingança e geografia … Pense um pouco na Africa, ou em muitos dos países que protagonizaram algumas das principais guerras étnicas da Europa nas últimas décadas. Veja como estes países foram criados, o que “levaram” em consideração na hora de traçar seus limites, etc etc etc …

Tenho certeza que você já começou a entender o espírito da coisa. 🙂

Se indico a leitura ? Se você gostaria de conhecer o motivo das coisas serem como são em muitos dos principais países do mundo …

A vingança da Geografia

Nota do Site:
5 Moedas

A vingança da Geografia
Robert D. Kaplan

Editora: Elsevier
Ano: 2013
Edição: 1
Número de páginas: 408
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

Compre seu livro no Submarino

Livros ||| Sim à desordem

Sim a Desordem girado pq

Do que poderia tratar um livro com um título desse ? Com uma capa dessa ? Deixe-me ver … Administração e gerenciamento ?

Sim, este é mais um daqueles livros que tenta abordar o tema administração de um ponto de vista diferente e inesperado … Será que conseguiu ?

Desde o início do livro o autor tenta nos transportar para o universo do Jazz. Cita diversos músicos, diversas obras e para tentar entrar no clima, fiz questão de que essa leitura tivesse esse fundo musical. Quem sabe me ajudaria a compreender melhor o que o autor se esforçava para apresentar ?

Música de fundo a postos, leitura seguindo tranquila, mas algo me incomodava … Parecia alguém tentando ajustar um cenário para que alguma mensagem fosse passada. Porém uma mensagem um tanto quanto óbvia (ao menos pra mim), sem conseguir conquistar da maneira certa. Sabe ?

Forçando um pouco a barra …

É, muita coisa era apresentada, tendo como pano de fundo os clubes onde o Jazz rolava solto, tentando apresentar algum conceito que poderia ser adotado em qualquer empresa para melhorar seu desempenho. Mas … sei lá.

“Ah, você precisa saber improvisar, pois no Jazz é assim”, ou “Ah, você precisa tocar conforme a banda toca, pois no Jazz é assim”, ou “Ah, você tem que surpreender de vez em quando, pois no Jazz …”. Sim, você já entendeu. 🙂

Como já disse, me pareceu mais uma tentativa de forçar a barra, para fazer com que exemplos “administrativos” pudessem ser encaixados no universo do Jazz. Ou você acha que improvisar, surpreender, etc etc etc, são novidades que justifiquem um destaque tão grande ?

Sinceramente ? Mais um livro do tipo “administração ao estilo xyz” onde pegam um tema qualquer e tentam trazer conceitos, exemplos e situações que melhorariam sua empresa. Mas … acho que você já percebeu que ao menos eu não fui atingido pelo Raio Administrador … não é mesmo ?

Muito legal, fui apresentado a um mundo novo, pois não tinha intimidade alguma com o estilo musical. Gostei das músicas “sugeridas” pelo livro. O fundo musical ajudou na leitura (mas não na compreensão do negócio, se é que não compreendi alguma mensagem secreta nas partituras musicais) … mas só.

Mas como gosto de variar os assuntos que estudo, para – quem sabe … – ter algum insight, ver algum ponto de vista diferente, posso considerar que nem tudo foi perdido. 😀

Tempo perdido ? Não, relaxei bastante com a música e a leitura. 😉

Se você curte Jazz indico a leitura. Se não, talvez goste por ter um contato com este gênero musical. Como nova forma de administrar seus negócios ? Acho que existem outros títulos mais indicados para tal finalidade.

Sim à desordem
Nota do Site:
2 Moedas
Sim à desordem
Frank Barrett

Editora: Elsevier
Ano: 2013
Edição: 1
Número de páginas: 248
Acabamento: Brochura
Formato: Médio