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Antes de mais nada: uma salva de palmas para os que conseguem operar no mercado de ações usando técnicas fundamentalistas – ao estilo do Valuation – e conseguem obter sucesso em suas operações. Outra salva de palmas, ainda mais forte, para os que conseguem obter sucesso acertando exatamente os valores encontrados em seus estudos/análises. 😯
Juro que não consigo entender como alguém que faça uso deste tipo de técnica consegue “arrumar briga” com quem usa técnicas grafista para operar, alegando que é puro “achismo”. Por quê ? Porque até onde consegui ver (e olha que li este livro com muito cuidado, muita atenção, levou meses !) uma grande parte do “poder” de acerto do analista que usa o valuation está no fato de conseguir acertar suas projeções para a empresa. Seja em relação ao crescimento dela, de seu faturamento, da taxa de juros, da inflação, do crescimento da economia, etc etc etc … São tantos itens que entram nas contas, tantas possibilidades de influência no resultado, que uma projeção “errada” leva o resultado numa direção completamente diferente.
Por exemplo: você tem ideia de quanto a empresa vai crescer nos próximos 5 anos ? Não, não me refiro a quanto ela pode crescer, mas sim a quanto vai crescer … pois esse dado – futuro – é usado nos cálculos.
Sério … (e você sabe que eu não falaria algo do gênero se não fosse a minha real conclusão), fazer uso somente desta ferramenta, é um tiro completamente no escuro. É “mirar” numa direção e rezar para acertar. E acredite … muitos defendem justamente isso.
Não, não quero arrumar briga com o pessoal da escola fundamentalista. Até mesmo porque sempre defendo o uso das duas ferramentas (fundamentos e gráficos) para operar com mais segurança. Usamos as técnicas fundamentalistas para escolher o que operar e como operar. Usamos as técnicas grafistas para escolher quando operar. É uma ajudando a outra, e não uma brigando com a outra … 😉
Tá, mas o que você achou do livro ?
Gostei. 🙂
Primeiro porque finalmente consegui entender de onde vem aqueles “números” que vejo em alguns relatórios das corretoras – e que até agora eram puro grego para mim -, por mais que não consiga me ver fazendo uso delas. 😉
Segundo porque os dois últimos capítulos do livro (são 11), correspondentes a 25% do conteúdo dele, apresentaram discussões tão importantes, tão interessantes que eu compraria um livro que tivesse somente estas páginas se fosse preciso. Dois itens me fizeram prestar ainda mais atenção na leitura: um que fala sobre a influência da inflação nas ações (mais atual impossível !) e outra onde o tema “governança corporativa” era esmiuçado e refletido, falando sobre cada um dos níveis das ações (nível 1, nível 2, novo mercado …) e suas “vantagens e desvantagens” para as empresas/ações.
Outro ponto bem interessante foi a apresentação de teorias do mercado de opções para o uso de precificação de empresas. Além de explicar os motivos, e influências, de diversos fatores (tempo, taxa de juros, valor da ação, etc) no valor das opções. Para quem ainda tem dúvidas sobre esse tema, este capítulo certamente será um prato cheio ! 😀
Não gostei muito de ver o primeiro capítulo sendo destinado à “eterna briga” entre fundamentalistas e grafistas, ainda mais depois de constatar que a principal ferramenta usada e explicada no livro, por muitas vezes, é mais “visionária” que os gráficos.
Mas … foi uma leitura que valeu muito a pena. 🙂
![]() Nota do Site: | Valuation Alexandre Póvoa Editora: Campus |