Clube do Pai Rico

Previdência Privada com participação do empregador. Vale a pena ?

Sempre falo aqui no Clube sobre o meu posicionamento em relação ao “investimento” em Previdência Privada: na minha opinião não vale a pena. Se você se dedicar um pouco ao assunto é plenamente capaz de administrar a sua própria previdência pessoal, obtendo ganhos equivalentes (mas muito provavelmente superiores) aos apresentados pelas instituições financeiras.

Os custos envolvidos no “gerenciamento e administração” do plano são elevados na maioria dos casos, o que come a rentabilidade de dentro para fora. Existem algumas poucas exceções, normalmente atrelados a planos empresariais, onde grandes montantes (muitos funcionários participando) são aportados mensalmente. Custos como o de carregamento (que durante muito tempo roubava 5% dos valores aplicados, na hora da aplicação) e os de administração, fazem com que o rendimento obtido anualmente diminua a um nível tão baixo, que quase inviabiliza o negócio.

Mas tem gente que acha seja um negócio válido e que lhe garantirá um futuro tranquilo.

Existe algum ponto que justifique o uso de uma previdência privada ?

Antes de qualquer coisa: você não estará investindo em previdência privada. Você estará usando-a. Previdência Privada não é investimento !!! É um plano de aposentadoria, como o INSS. Acredite, tem gente que encara ela como investimento. Pior, muitos bancos o vendem como tal … 🙁

Mas a pergunta que precisa ser respondida é: “Existe algum ponto positivo, que justifique o uso de uma Previdência Privada ?”. E eu digo: eu acho que sim. Não, não são as vantagens tributárias que alguns tipos de previdência privada oferecem. Na minha opinião a melhor (e provavelmente única) vantagem, que possa justificar que você tenha uma PP, é quando a empresa onde você trabalha contribui, junto com você.

Existem diversas modalidades de aporte conjunto. Algumas empresas aportam o mesmo valor que você. Outras o dobro do valor aportado por você. Ainda existem outros níveis de participação, mas a maioria se enquadra num dos dois tipos.

Claro, existem algumas contrapartidas, obrigações por parte do funcionário, para que ele tenha direito a isso. A mais comum é que o funcionário fique na empresa por determinado período. 5 anos, 10 anos, 20 anos. Algumas empresas oferecem períodos intermediários: “se ficar 5 anos, tem direito a 30% do valor aportado”, “se ficar 10 anos 60%”, se ficar 20, 100%” … E por ai vai.

Não há uma regra única para isso. É uma negociação, entre empresa e funcionário, no momento em que o funcionário passa a usar a PP. Se acha uma boa ideia, aceita. Se não, não. Simples. 🙂

Entenda: isso não é uma maldade da empresa. Não, ela não está explorando o funcionário. Esta é uma forma que as empresas encontraram de beneficiar os funcionários mais fieis (que não pensam em largar a empresa), e de reter funcionários que poderiam ser disputados pelo mercado. Na maioria das vezes a regra do “perde se sair” só vale para quando o funcionário pede para sair, ou em caso de demissão por justa causa. Quando o funcionário é demitido sem justa causa, o valor que foi aportado passa a ser dele, independente do tempo em que ficou na empresa.

Mas como disse, isso varia de empresa para empresa … Varia de acordo com a negociação que foi feita no momento em que o plano foi contratado. Varia de acordo com o que está escrito no contrato que a pessoa assinou. 😉

De novo: não é maldade da empresa

Não, é uma forma que muitas empresas encontraram para “forçar” que muitos funcionários, do tipo pula-pula, ficassem mais tempo na empresa. Não sabe o que é um funcionário pula-pula ? É aquele que fica algum tempo na empresa, aprende um monte de coisa sobre o negócio, participa de inúmeros treinamentos, custeados pela empresa, e parte para uma nova empreitada.

A empresa investe pesado na formação e especialização da sua equipe, e corre o risco de ver este investimento virar pó. Depois precisa investir no treinamento de um novo funcionário, que também pode vir a sair depois disso …

A participação, com a exigência de permanência por períodos determinados, é uma ferramenta que tenta desincentivar a saída. Com a vantagem financeira, prometida ao funcionário que for mais fiel à empresa, o abandono por parte do funcionário tende a diminuir. Ele sabe que lá na frente será beneficiado.

Claro … não é todo funcionário que será “preso” por causa disso. Lembre-se que a mudança de emprego pode gerar um retorno imediato, com um salário maior no novo emprego. Neste caso uma conversa com a chefia atual pode ajudar. 😉

Mas me diga …

E você, na sua empresa existe algo do tipo ?

Investir em BrasilPrev é uma boa ?

Pergunta:

Olá Zé, boa noite! Fiz recentemente um BrasilPrev para o meu filho, o que você acha sobre esse tipo de “investimento”?

Resposta:

Bom dia Gabriela,

Antes de qualquer coisa: parabéns ! Você está proporcionando uma coisa que poucas crianças têm acesso. A oportunidade que seu filho está tendo lhe trará uma incrível vantagem no futuro. Se isso vier junto de Educação Financeira então … 😉

Para localizar melhor as coisas, a pergunta da Gabriela foi publicada na forma de comentário no post “Como juntar dinheiro para o meu filho até ele completar 21 anos ?“. Sugiro a todos que leiam. 🙂

O que eu acho da previdência privada do Banco do Brasil ? O que eu acho do BrasilPrev ?

Olha … Acima de tudo isso é um investimento. 😀

Pode não ser o melhor … O que mais me agrada … O que oferece o melhor retorno … Mas é um investimento. E só por isso já é algo bom.

Mas … É, não é um dos que mais me agrada. 🙁

São casos específicos que me fariam usar uma previdência privada. Praticamente só no caso de uma “complementação” por parte do empregador. Em alguns casos ele “dobra” o valor que você aportar mensalmente (até um determinado limite), em outros até um pouco mais. E como não podemos reclamar de “dinheiro de graça” … 😉

O problema é que é basicamente esse único caso que me faria pensar em aportar em um PP. Não vejo grandes vantagens na modalidade.

Dando uma olhada na rentabilidade deles, reforço a minha posição.

O retorno é bem baixo (comparando com seus semelhantes) e você poderia tê-lo superado, facilmente, se investisse diretamente. Na compra de títulos do Tesouro, para a renda fixa, ou em ETFs, para o multimercado. As taxas das previdências privadas – na minha opinião – matam o investimento …

Muitas vezes escolhemos esse tipo de investimento por uma sugestão do banco/gerente, ou por conta da facilidade de investimento proporcionada por ele. Com o rendimento oferecido, consegue entender o motivo para ser tão “fácil” ? 🙄

O problema é que o investimento direto, 100% administrado por você, poderia ser tão simples quanto e com o mesmo nível de risco apresentado por uma PP como o BrasilPrev. Mas na maioria das vezes as pessoas não sabem disso. (e algumas fazem questão de não querer saber)

Eu te respondo na forma de pergunta: o que te levou a escolher esse tipo de investimento ? Qual foi a vantagem que você enxergou que te fez preferir ele às outras alternativas ?

Gostaria de te ouvir antes de darmos continuidade ao papo. 😀

Abraços !

Como funciona a portabilidade para previdência privada ?

Pergunta:

Tenho Brasilprev, porém não estou gostando nada da rentabilidade, queria trocar para Icatu e Previdência assert verde, o que faço??

Resposta:

Bom dia,

Solicite a portabilidade do seu plano de previdência privada ! 🙂

Sim, simples e rápido. 😉

Claro … você precisará tomar algumas precauções e respeitar algumas normas que regem esse tipo de mudança. Mas fique tranquilo, não é nada de outro mundo.

A mais importante de todas é: se você tem um PGBL, só poderá migrar para um outro PGBL. Se tem um VGBL, só para outro VGBL. Você pode “transitar” entre instituições, porém o segmento da previdência precisa ser o mesmo.

Ok … você até poderia escolher migrar de PGBL para um VGBL (e vice versa), mas para isso precisaria proceder da forma tradicional: sacar a grana da previdência privada – pagando o IR proporcional ao plano e o período da aplicação – e abrir uma nova previdência em outro lugar. A portabilidade só serve para “mudanças entre iguais” justamente para permitir que o usuário possa mudar de prestador de serviço quando não se sentir satisfeito. Seja por causa das taxas cobradas pelo atual prestador, ou por conta da rentabilidade gerada.

Um dos pontos mais interessantes é que você pode mudar quantas vezes quiser, desde que respeitado o prazo mínimo de 60 dias de permanência. Após esse prazo você está livre para uma nova mudança.

O mais comum é mudar por causa das taxas cobradas. Uma das que mais incomoda os usuários é a amada taxa de carregamento, cobrada por algumas instituições e por outras não. Se o que não vem lhe agradando é somente a rentabilidade em si, você pode solicitar uma portabilidade interna, que nada mais é do que a mudança entre planos da própria instituição que já lhe fornece o serviço.

A grande vantagem da portabilidade externa, a que você muda para uma nova instituição e que parece ser a que mais lhe interessa, é que você está totalmente isento da incidência do Imposto de Renda e da cobrança da taxa de carregamento no plano de destino. 🙂

Continue lendo …

Pergunte ao Pai Rico ||| 361

Pergunta:

Oi para todo o mundo! Vamos a um dilema cabeludo?

Sou funcionária de empresa de capital misto e meu marido é funcionário público. Já há alguns anos, estamos empenhados em construir nossa independência financeira, a despeito da aposentadoria (teoricamente) oferecida pelo governo, porque temos um perfil conservador e, sinceramente, não confiamos em previdência pública. Nesse contexto, estamos deliberando entre MANTER OU NÃO meu Plano de Previdência Complementar e gostaríamos que você desse sua opinião.

O plano que tenho é do tipo patrocinado, ou seja, para cada real que aporto regularmente, meu empregador aporta mais um real. Isso é um boost e tanto no saldo acumulado, certo? Entretanto, noto que os resultados desse plano são ruins, na minha opinião; sou amadora, mas me parece que, se eu mesma estivesse aplicando o dinheiro em renda fixa, a rentabilidade estaria maior… Ou seja, acho que estou pagando caro para administrarem mal o meu dinheiro, o que é bem desconfortável. Por outro lado, é uma saída “acomodada” na medida em que os meus aportes são descontados já em folha (ou seja, eu não preciso “pensar” para fazê-los) e depois eu posso utilizar tudo como dedução no imposto de renda.

Estou tentando verificar junto ao plano se é possível simplesmente sair dele, resgatando o saldo que eu mesma aportei ao longo de sete anos (acredito que com os rendimentos acumulados correspondentes), mas perdendo a parte aportada pelo empregador, que, pelo que entendi até agora, reverteria para o fundo. A primeira dúvida é a seguinte: caso eu optasse pelo resgate desse saldo, há incidência de tributação? Em que termos? Ia sobrar alguma coisa? 🙂

A segunda dúvida é mais geral e, para mim, bem mais importante. Existe motivo para supor que o aporte feito pelo meu empregador ao longo dos anos, combinado às eventuais vantagens tributárias associadas aos planos de previdência, seja mais interessante do que as taxas de rendimento superiores (associadas a outros níveis de risco ou não) que eu pudesse obter para o meu dinheiro em outras aplicações? Principalmente considerando o risco de “quebra” do plano de previdência, como já aconteceu tantas vezes no passado?

Acho que parece um pouco o dilema de acabarmos ou não com o FGTS… só que entra a questão do aporte da patrocinadora. E aí, o que o Pai Rico faria? Espero que o pessoal da área de comentários também possa acrescentar.

Um abraço,
Anna

Continue lendo …

Não tem como … não tenho tempo para me dedicar aos meus investimentos

Na semana passada, ao responder um Pergunte ao Pai Rico, mais especificamente o 311, falei sobre a minha aversão ao uso das PPs (previdências privadas) e que cada um deveria criar a sua previdência própria, criar uma carteira de investimentos voltada à aposentadoria. As vantagens são muitas, especialmente pela parte “controle do que está acontecendo”  da coisa.

Como era de se esperar, recebi muitos comentários sobre o que foi dito, e um ponto – que é constante – chamou a minha atenção: o fato de “ninguém ter tempo” para se dedicar ao estudo e especialmente ao cuidado desta carteira. Alegam que precisariam ter muito tempo livre para vigiar seus investimentos, para tomar conta dos negócios. Mas … será que é isso mesmo ?

Cuido de meus investimentos, voltados à minha aposentadoria – adiantada – desde cedo. (para não falar desde sempre) Ao completar 18 anos já “perdia” meu tempo com isso, “gastava” meu tempo livre com leituras sobre o tema e conversas com quem já tinha experiência no assunto. Tudo bem, é um tema que me interessa, portanto fluía naturalmente.

De lá para cá muita água passou por debaixo da ponte … 15 anos para ser mais exato. Investi muito tempo e me dediquei um bocado ao tema. Cuidei (e continuo cuidando) com carinho dos meus investimentos. Aprendi um bocado. Sofri um bocado. Fiquei feliz à beça. Muita coisa aconteceu. 🙂

Mas por que falar isso ? Porque hoje posso dizer: você não precisará dedicar horas do seu dia para cuidar dos seus investimentos. Sério ! Com pouco mais de 15 minutos diários você será capaz de cuidar do seu patrimônio. Cuidar e multiplicar. 😉

Há uma ideia – errônea – de que é preciso ficar cuidando 24h dos investimentos, de que é necessário ficar de olho na tela de cotações o dia inteiro (e enquanto dorme também). E isso não é verdade … é possível que você tenha muito tempo livre, para fazer o que quiser, até mesmo para trabalhar, e manter seu capital bem investido.

Tudo depende da forma com que suas operações forem montadas. Se visar o longo prazo – que é o objetivo de uma carteira de previdência própria – você pode olhar o mercado somente nos finais de semana ! Sério !! Analisar os gráficos, os resultados das empresas, se inteirar sobre as coisas … Com pouco mais de 1h no sábado, você poderá deixar sua carteira brilhando e rentabilizando para que sua aposentadoria seja tranquila. 😀

Ou melhor, com apenas 15 minutos diários, ao chegar em casa, após o trabalho, poderá ver tudo e mais um pouco do que é necessário para manter-se em dia com seus investimentos. 🙂

Continue lendo …